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Três em cada dez brasileiros são analfabetos funcionais, aponta pesquisa

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Índice não melhora desde 2018 e acende alerta para urgência em políticas públicas. Jovens e trabalhadores também apresentam altos índices de baixa alfabetização.

Por Mariana Tokarnia – Agência Brasil
Publicado em 05/05/2025 – 08h32 | Rio de Janeiro

Cerca de 29% dos brasileiros entre 15 e 64 anos são analfabetos funcionais, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (5) pelo Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf). O número representa praticamente três em cada dez pessoas, e não apresentou avanços desde 2018.

Esses brasileiros ou não sabem ler e escrever, ou dominam a leitura e a escrita de forma tão limitada que não conseguem compreender frases simples, números de telefone ou preços.

Queda entre jovens e impacto da pandemia

O dado mais preocupante desta edição é o aumento do analfabetismo funcional entre jovens de 15 a 29 anos. O índice passou de 14% em 2018 para 16% em 2024, reflexo da pandemia de covid-19, que afastou milhares de estudantes das salas de aula, segundo os organizadores da pesquisa.

Níveis de alfabetismo no Brasil

O Inaf classifica os entrevistados com base em testes de leitura, escrita e matemática:

Analfabeto e rudimentar: considerados analfabetismo funcional (29%)

Elementar: 36% da população — compreendem textos simples e fazem operações básicas

Intermediário e proficiente: 35% — considerados com alfabetismo consolidado

Apenas 10% estão no nível proficiente, o mais alto da escala

Problema persiste mesmo entre trabalhadores e formados

A pesquisa revela que 27% dos trabalhadores são analfabetos funcionais, o que limita significativamente sua capacidade de compreender documentos, realizar cálculos e interpretar instruções no ambiente de trabalho.

Mesmo entre brasileiros com ensino superior completo, 12% são considerados analfabetos funcionais.

Desigualdades raciais e sociais

O estudo também revela disparidades entre grupos raciais:

Brancos: 28% são analfabetos funcionais; 41% têm alfabetismo consolidado

Negros: 30% são analfabetos funcionais; 31% têm alfabetismo consolidado

Amarelos e indígenas: 47% são analfabetos funcionais; apenas 19% têm alfabetismo consolidado

Especialistas pedem ações urgentes

Para Roberto Catelli, coordenador da área de Educação de Jovens e Adultos da Ação Educativa, “essa limitação é grave e mantém parte da população na exclusão social”.

Já Esmeralda Macana, coordenadora do Observatório Fundação Itaú, destaca a necessidade de acelerar e qualificar as políticas públicas:

“Vivemos em um mundo cada vez mais digital. Precisamos garantir que as crianças e jovens tenham o aprendizado adequado desde a base”.

Nova edição e alfabetismo digital

Realizado após seis anos de interrupção, o Inaf 2024 aplicou testes em 2.554 pessoas de 15 a 64 anos, em todo o país, entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025. A margem de erro é de até 3 pontos percentuais.

Pela primeira vez, o levantamento incluiu dados sobre alfabetismo digital, analisando como as habilidades de leitura, escrita e matemática influenciam no uso da tecnologia no cotidiano.

O estudo é coordenado pela Ação Educativa e pela consultoria Conhecimento Social, com apoio de entidades como Fundação Itaú, Fundação Roberto Marinho, Instituto Unibanco, Unicef e Unesco.

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