Nos últimos tempos, muito se tem falado sobre saúde mental, mas a verdade é que a falta de empatia, tolerância e respeito com pessoas que sofrem de doenças mentais ainda é uma realidade cruel. As pessoas, muitas vezes, sabem o que não deveriam fazer, pois suas ações podem ferir os outros. Ainda assim, insistem em normalizar comportamentos que desrespeitam a dor alheia.
O preconceito contra doenças mentais costuma se manifestar na forma de indiferença ou desprezo. Muitos consideram que expressar emoções intensas é “frescura” ou “drama”. Pacientes com condições como depressão, transtorno de ansiedade, bipolaridade ou transtorno de personalidade borderline são frequentemente rotulados como pessoas exageradas ou fracas. A incapacidade de compreender a profundidade dessas doenças cria barreiras e agrava o sofrimento de quem já está em um estado emocional vulnerável.
Um Chamado às Famílias, Amigos e Colegas de Trabalho
As pessoas mais próximas daqueles que sofrem de doenças mentais — sejam famílias, amigos ou colegas de trabalho — têm um papel crucial em promover a inclusão e o apoio. Saber da condição de alguém e ignorar seu sofrimento é um sinal de falta de empatia. Muitos acreditam erroneamente que remédios ou terapia são soluções simples e imediatas. Embora esses tratamentos sejam importantes, é fundamental entender que muitas doenças mentais são crônicas e não possuem cura definitiva.
Empatia é mais do que sentir pena ou compreender superficialmente o problema do outro; é um ato de se colocar no lugar da pessoa, de entender a complexidade da situação sem julgar ou minimizar sua dor.
As Consequências da Falta de Compreensão
Quando os portadores de doenças mentais não encontram compreensão e apoio, as consequências podem ser devastadoras. Eles são mal interpretados e mal vistos pela sociedade. O peso do julgamento constante pode levá-los a um sofrimento ainda mais profundo. Para muitos, a busca por uma solução rápida para aliviar a dor pode resultar em caminhos perigosos, como o abuso de drogas, álcool ou comportamentos autodestrutivos, como a automutilação — um sintoma comumente observado em pessoas com transtorno de personalidade borderline.
Esses mecanismos de “escape” são uma tentativa desesperada de controlar ou aliviar a dor emocional, e não devem ser vistos como escolhas conscientes ou falhas de caráter. São sinais de que a dor interna se tornou insuportável.
O Estigma Ainda Existe
Apesar dos avanços na área de saúde mental, o estigma permanece presente. A sociedade ainda se recusa a entender que doenças mentais são tão sérias quanto doenças físicas. Enquanto pessoas com doenças cardíacas ou diabetes recebem apoio e compaixão, aqueles com doenças mentais são, muitas vezes, desacreditados ou ridicularizados.
Julgar é fácil. Difícil é amar o próximo exatamente como ele é, com todas as suas dores, fragilidades e desafios. A empatia é o caminho para uma sociedade mais justa e inclusiva. Precisamos parar de tratar doenças mentais como “frescura” ou “fraqueza” e começar a tratar aqueles que sofrem com o respeito e a dignidade que merecem.
Quando a Raiva se Torna uma Prisão: A Falta de Humanização no Tratamento Psiquiátrico
A raiva é uma das emoções mais intensas e complexas que o ser humano pode experimentar. Em momentos de fúria extrema, muitos acabam quebrando objetos, atirando coisas contra a parede e, em alguns casos, destruindo ambientes inteiros. Essas explosões emocionais, muitas vezes, são tão intensas que a pessoa sequer se lembra do que fez.
Há relatos impressionantes de indivíduos que, dominados por uma raiva inconsciente, acabaram devastando lojas, restaurantes, e até mesmo quartos de hotéis. Quando a perda de controle atinge esse nível, a sociedade frequentemente opta por uma solução imediata e punitiva: a internação compulsória em hospitais psiquiátricos. Em vez de acolhimento, apoio emocional e compreensão, muitos são obrigados a enfrentar a realidade fria e desumana desses locais.
Muitas dessas instituições falham em oferecer um tratamento digno e humanizado. Ao invés de proporcionarem um ambiente de recuperação e respeito, deixam os pacientes isolados, muitas vezes em condições precárias de higiene e segurança. Nesses locais, os indivíduos não encontram o cuidado que necessitam, como um abraço acolhedor, um carinho ou uma simples refeição compartilhada em família. São tratadas como casos perdidos, aprisionadas e estigmatizadas.
O resultado é devastador: muitos saem desses hospitais sem se reconhecerem como parte da sociedade. A experiência traumática de uma internação desumanizada os faz sentir-se incapazes de reintegrar-se à vida normal. Os traumas gerados são profundos e permanentes, destruindo a autoestima e a confiança em si mesmos.
A Importância de Um Novo Olhar
Para mudar essa realidade, é essencial promover a educação sobre saúde mental. Conversas abertas e honestas podem quebrar tabus e eliminar estigmas. Famílias, amigos e a sociedade precisam entender que o apoio emocional, combinado com tratamento adequado, pode fazer uma diferença significativa na vida das pessoas que enfrentam essas condições.
Não devemos apenas aceitar a existência das doenças mentais, mas também reconhecer a força e a coragem das pessoas que lutam diariamente contra elas. É hora de oferecer mais amor, respeito e, acima de tudo, empatia.
Porque respeitar a dor do outro é o primeiro passo para uma sociedade verdadeiramente humana.
Renato Bernardinelli / Whats: 11 991590575
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